quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Citando José Saramago

"Lendo, fica-se a saber quase tudo, Eu também leio, Algo portanto saberás, Agora já não estou tão certa, Terás então de ler doutra maneira, Como, Não serve a mesma para todos, cada um inventa a sua, a que lhe for própria, há quem leve a vida inteira a ler sem nunca ter conseguido ir mais além da leitura, ficam pegados à página, não percebem que as palavras são apenas pedras postas a atravessar a corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é que importa, A não ser, A não ser, quê, A não ser que esses tais rios tenham duas margens, mas muitas, que cada pessoa que lê seja, ela, a sua própria margem, e que seja sua, e apenas sua, a margem a que terá de chegar, Bem observado." (SARAMAGO, 2000, p. 77).


REFERÊNCIAS

SARAMAGO, José. A Caverna. São Paulo: Companhia das Letras. 2000.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Livro É Passaporte, É Bilhete de Partida

QUEIRÓS, Bartolomeu Campos. O Livro É Passaporte, É Bilhete de Partida. In: PRADO, Jason (Org.); CONDINI, Paulo (Org.). A Formação do Leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999. p. 23-24.


O livro é passaporte, é bilhete de partida
Bartolomeu Campos Queirós


Desconheço liberdade maior e mais duradoura do que esta do leitor ceder-se à escrita do outro, inscrevendo-se entre as suas palavras e os seus silêncios. Texto e leitor ultrapassam a solidão individual para se enlaçarem pelas interações. Esse abraço a partir do texto é soma das diferenças, movida pela emoção, estabelecendo um encontro fraterno e possível entre leitor e escritor. Cabe ao escritor estirar sua fantasia para, assim, o leitor projetar seus sonhos.
As palavras são portas e janelas. Se debruçamos e reparamos, nos inscrevemos na paisagem. Se destrancamos as portas, o enredo do universo nos visita. Ler é somar-se ao mundo, é iluminar-se com a claridade do já decifrado. Escrever é dividir-se.
Cada palavra descortina um horizonte, cada frase anuncia outra estação. E os olhos, tomando das rédeas, abrem caminhos, entre linhas, para as viagens do pensamento. O livro é passaporte, é bilhete de partida.
A leitura guarda espaço para o leitor imaginar sua própria humanidade e apropriar-se de sua fragilidade, com seus sonhos, seus devaneios e sua experiência. A leitura acorda no sujeito dizeres insuspeitados enquanto redimensiona seus entendimentos.
Há trabalho mais definitivo, há ação mais absoluta do que essa de aproximar o homem do livro?
Experimento a impossibilidade de trancar os sentidos para um repouso. O corpo vivo vive em permanente e vários níveis de leitura. Não há como ausentar-se, definitivamente, deste enunciado, enquanto somos no mundo. O corpo sabe e duvida. A dúvida gera criações, enquanto a certeza traça fanatismos.
Reconheço, porém, um momento em que se dá o definitivo acontecimento: a certeza de que o mundo pessoal é insuficiente. Há que buscar a si mesmo na experiência do outro e inteirar-se dela. Tal movimento atenua as fronteiras e a palavra fertiliza o encontro.
Acredito que ler é configurar uma terceira história, construída parceiramente a partir do impulso movedor contido na fragilidade humana, quando dela se toma posse. A fragilidade que funda o homem é a mesma que o inaugura, mas só a palavra anuncia.
A iniciação à leitura transcede o ato simples de apresentar ao sujeito as letras que aí estão já escritas. É mais que preparar o leitor para a decifração das artimanhas de uma sociedade que pretende também consumi-lo. É mais do que a incorporação de um saber frio, astutamente construído.
Fundamental, ao pretender ensinar a leitura, é convocar o homem para tomar da sua palavra. Ter a palavra é, antes de tudo, munir-se para fazer-se menos indecifrável. Ler é cuidar-se, rompendo com as grades do isolamento. Ler é evadir-se com o outro, sem contudo perder-se nas várias faces da palavra. Ler é encantar-se com as diferenças.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Eu...

Nesta magnífica ruína da vida, meu desejo se encontra numa tarde nublada.
Uma pilha de livros ao lado, e um canto confortável para sonhar.
Está em abrir um livro e ler da primeira à última página sem piscar. Fechar o livro e já ter outro para socorrer. Ler por dias e dias, ofuscando a solidão tumultuosa.
E então quando na alma já houver tantas e tantas palavras, incontáveis reflexões formuladas, frases feitas e malfeitas. Trocar por breves momentos a pilha de livros por pilhas de papéis em branco. Para que nesses papéis, faça reviver todas as palavras antes que elas morram dentro de mim. Percorrer folhas avulsas sem piscar os olhos, num único folego.
E depois de muito escrever, voltar a muito ler.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Dia do Bibliotecário

Parabéns aos profissionais bibliotecários!


"... o homem é que faz a sua profissão;
 a sua inteligência é que a eleva;
 a sua honestidade é que a enobrece."


Ao Correr da Pena
José de Alencar

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Link do Artigo Científico publicado no VII SENABRAILLE

Não deixe de ler meu artigo publicado no VII Senabraille.
Boa leitura!


Este é o link:  http://www.sbu.unicamp.br/senabraille/apresentacoes/Trabalhos/Artigo-Biblioteca%20Acessivel%20o%20bibliotecario.pdf